Cadê as palavras?
escrito por Flavia Felipe Silvino, fonoaudióloga*
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No texto anterior discutimos a função da interação face a face na comunicação da criança.
Aprofundo um pouco mais o que foi discutido através da reflexão sobre a importância de observar a forma de comunicar da criança.
Quando escuto “o meu filho não fala”, sempre penso o que significa esse “não falar”. Nem sempre “não falar” significa não comunicar. Será que essa criança que “não fala” está em um ambiente que a estimula falar. Como o seu filho comunica, você saberia responder?
Para ajudar na construção desta resposta sugiro algumas perguntas.
- O seu filho presta atenção quando você fala com ele?
- O seu filho ouve bem?
- O seu filho tem contato com outras crianças?
- Brincar com o seu filho faz parte da sua rotina?
- E passeios na pracinha, no parque, na casa de parentes acontecem?
- O seu filho comunica como? Usa gestos? Usa sons? Utiliza algumas palavras?
- Como o seu filho consegue o que ele deseja?
- Seu filho precisa falar para ter o que deseja ou você antecipa e oferece o que ele quer sem que ocorra uma comunicação?
- Você observa o seu filho para ver as coisas que o interessam?
- Você demonstra para o seu filho a atenção necessária quando ele fala?
A criança precisa estar inserida em um ambiente que apresente estímulos para que a comunicação aconteça. A fala é consequência das interações realizadas durante a rotina da criança. Ao responder ou refletir sobres estas perguntas os pais podem repensar o seu modo de agir e estar mais atento aos estímulos oferecidos para o seu filho. Se a frase “o meu filho não fala” permanece é importante procurar um profissional que possa avaliar a criança.
Para terminar, uma sugestão, que tal brincar de fazer perguntas para o seu filho. Aproveite cada momento e boa diversão!
Cadê
José Paulo Paes
Nossa! que escuro!
Cadê a luz?
Dedo apagou.
Cadê o dedo?
Entrou no nariz.
Cadê o nariz?
Dando um espirro.
Cadê o o espirro?
Ficou no lenço.
Cadê o lenço?
Dentro do bolso.
Cadê o bolso?
Foi com a calça.
Cadê a calça?
No guarda-roupa.
Cadê o guarda-roupa?
Fechado a chave.
Cadê a chave?
Homem levou.
Cadê o homem?
Está dormindo
de luz apagada.
Nossa! que escuro!
(Imagem do início do texto retirada do google imagens)
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TEXTO ESCRITO PELA COLABORADORA:
Flávia Felipe Silvino, Fonoaudicloga, Mestre em Linguagem e Cognição (UFMG) e Especialista em Alfabetização. Atua principalmente com intervenção fonoaudiológica em disfagia, linguagem, fala, comunicação alternativa/suplementar em crianças e adultos, e com avaliação e intervenção em dificuldades no processo do aprendizado da leitura e escrita.
contato: flaviafesil@yahoo.com.br
O que vem antes da primeira palavra?
escrito por Flávia Silvino, Fonoaudióloga*
Um dos momentos mais esperados, do desenvolvimento infantil é o surgimento da fala. A família aguarda ansiosamente a primeira palavra … “papai”, “mamãe”, “bola”. Cada nova palavra é comemorada e outras são esperadas. No entanto, outros comportamentos devem ser observados, antes que a primeira palavra surja.
A interação face a face é um desses comportamentos, é através dela que se inicia toda ação comunicativa entre a criança e a sua família. A disposição do bebê e seus pais em estabelecer interações, como sorrir um para o outro, conversar, cantar é primordial para o desenvolvimento da fala.
Nesses momentos de interação face a face, a criança é estimulada a prestar atenção na expressão facial, no som da palavra, no movimento da boca, todos esses sinais produzidos pelos pais são estímulos necessários para que a criança tenha um modelo para ser seguido.
Um exemplo simples da interação face a face é quando a criança brincando olha para a bola e olha para a mãe. A mãe percebe o seu interesse e diz “bola, olha a bola, vamos pegar a bola”. A criança faz a relação entre o objeto e a palavra, e em algum momento ela pode falar “bola”. Esta cena familiar só foi construída porque houve um contato visual, onde mãe e criança compartilharam o mesmo interesse.
Este exemplo de interação está presente, o tempo todo, no dia a dia das famílias, por isso é importante que os pais estejam atentos no modo de falar com os seus filhos. Manter o contato físico, falar de modo que a criança possa fazer contato visual, falar corretamente as palavras, ficar atento às oportunidades de interação favorecem o desenvolvimento da fala.
Durante o primeiro ano de vida da criança, a interação face a face deve ser acompanhada por atenção ao som, interesse por pessoas e objetos, observação do ambiente, emissão de sons, uso de gestos com intenção de comunicação, choro diferenciado. Algumas patologias podem ser identificadas, quando essa interação face a face não é respondida pela criança, tais como perda auditiva, autismo, algumas síndromes.
Comportamentos que devem ser observados no primeiro ano de vida e que são anteriores ao aparecimento da fala:
-1-3 meses: choro diferenciado: a criança diferencia o choro para dor, fome, trocar a fralda. Geralmente, os pais com o tempo conseguem perceber facilmente essas mudanças no choro. O sorriso também aparece nesse período.
-4-6 meses: sons vocais estão mais presentes, ri alto, reage aos estímulos sonoros localizando a fonte.
-7-12 meses: emite consoantes “ba”, “pa”, responde ao seu nome, surge a primeira palavra.
Ao observar alguma dificuldade neste período é importante que os pais procurem um profissional adequado para ajudar. Aproveite cada momento, para propiciar ao seu filho momentos de interação que favoreçam a estimulação da fala.
(Imagem do início do texto retirada do google imagens, ref: blog agora sou mãe)
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TEXTO ESCRITO PELA COLABORADORA:
Flávia Felipe Silvino, Fonoaudióloga, Mestre em Linguagem e Cognição (UFMG) e Especialista em Alfabetização. Atua principalmente com intervenção fonoaudiológica em disfagia, linguagem, fala, comunicação alternativa/suplementar em crianças e adultos, e com avaliação e intervenção em dificuldades no processo do aprendizado da leitura e escrita.
contato: flaviafesil@yahoo.com.br